sexta-feira, 13 de abril de 2007

Experiência pascal


Para mim torna-se claro que, viver a festa da ressurreição, não pode ficar apenas por uma “festazinha” onde celebramos a Ressurreição de Jesus. Esta grande vitória tem que ter resultados mais firmes e mais concretos da nossa parte, nas nossas vidas. É por isso que procuro partilhar a grande importância que teve e continua a ter, para mim em especial, a experiência pascal – é esta que marca a diferença.

Se vivermos a Páscoa sem experimentarmos verdadeiramente a acção recriadora da ressurreição em nós… estamos apenas a celebrar a morte e ressurreição de Jesus – é claramente uma festa Dele.
Viver a Páscoa, experimentando em nós uma forte ressurreição, estamos não só a celebrar a morte e ressurreição de Jesus, mas também a grande dinâmica que somos constantemente chamados a fazer, que é a morte e renascimento de nós próprios. E, neste caso, falar de Páscoa é falar claramente de uma festa nossa – só possível através de Jesus.

Jesus na cruz, DEU A SUA VIDA E DEU-NOS A VIDA, na medida em que derrotou definitivamente a morte. Por isso, somos chamados a tornar-mo-nos cada vez melhores pessoas, tornar-mo-nos cada vez mais amor – só assim estaremos em perfeita comunhão com Deus-Amor. E fazer experiência pascal é realmente isso – é sentirmos que a vida que Jesus deu, é verdadeiramente nossa. Nossa com o intuito de usufruirmos dela para continuarmos a desenvolver este grande desafio que é AMAR, que é continuar a criar relações que nos transformem, nos recriem, nos tornem naquilo que Deus é… e Ele não é mais se não AMOR.

Para mim, ajudou-me bastante perceber a grande simbologia do número três, enquanto experiência pascal. Os três dias que os discípulos demoraram a viver a ressurreição de Jesus (e não os três dias que Jesus esteve em stand-bye desde a Sua morte até à Sua Ressurreição, como durante tanto tempo eu afirmei sem questionar a pouca lógica que isso teria). Esta experiência é fantástica.
Depois da morte de Jesus, estão os discípulos fechados em casa (em si mesmos) sem entender o que realmente se passou. Tal como muitas pessoas, eles que tinham vivido bem de perto com Jesus, acreditavam claramente que Ele era o Messias, o homem que Deus tinha enviado para os libertar da escravidão e sofrimento infligido pelos romanos. Todos eles estavam dispostos a lutar até ao fim, a morrer se fosse necessário, apenas para colocar Jesus no poder, no trono para que Ele, o escolhido de Deus, pudesse libertar o povo e governá-lo. No entanto, não era desse trono, desse Reino que Jesus falava. Jesus falava de um projecto muito diferente, falava de uma libertação muito mais importante.
Então estando os discípulos fechados em casa, contemplam tudo aquilo que viveram com Jesus durante três anos. Relembram as Suas histórias, as Suas viagens, os Seus gestos, as Suas curas, os Seus comportamentos, … tudo, reviveram em três dias tudo aquilo que tinham experimentado com Jesus durante três anos e, ao terceiro dia, compreenderem então que o fim do Mestre não podia ter sido o FIM. Tudo aquilo que tinham vivido, que tinham aprendido… tudo aquilo não podia terminar assim. Assim torna-se claro que, a partir desse momento, eles tinham visto que Jesus se encontrava vivo e bem vivo (mesmo que fosse apenas nos seus corações). Esta experiência só foi possível, porque foi feita em comunidade. Foi em comunidade que eles foram partilhando e relembrando o que cada um tinha vivido com Jesus, foi assim que cada um foi vendo claramente Jesus a passear nos seus corações… era um ritmo cardíaco de tal maneira intenso, que era impossível que Jesus não estivesse vivo.

Esta experiência é vivida claramente na morte/ressurreição de uma pessoa muito querida para nós. Ao nos ser anunciada a sua morte, ficamos derrotados… parece que o mundo nos cai aos nossos pés, tudo parece que deixa de fazer sentido. De qualquer modo, com o passar do tempo, vamos recuperando os sentidos e vêm-nos todas as memórias que temos daquela pessoa. E é exactamente nesse momento que sentimos que a mesma pessoa que antes se dizia morta, agora só pode estar viva… sentimos isso claramente no nosso coração – é impossível terminar com um simples fechar de olhos, com um simples deixar de respirar.
Por isso é que ao terceiro dia Pedro, aquele que tinha negado por três vezes Jesus, saiu para as ruas a gritar: “JESUS ESTÁ VIVO!? O AMOR VENCEU!?”, e com ele, todos os outros o seguiram e, a partir daí, nunca mais se calaram (e bem que tentaram).

Bem… assim sendo, só posso dizer que falar de Páscoa é falar de uma festa claramente nossa e só possível por Jesus, é falar de uma dinâmica de morte/renascimento que devemos fazer, é falar de um experiência pascal que devemos transportar para as nossas vidas – nas nossas obras, nas nossas palavras. Depois de descobrirmos que Jesus afinal de contas não morreu… é impossível permanecermos calados e continuarmos com a mesma vida que tínhamos antes… este Dom é grande demais para o guardarmos apenas para nós.

Procuremos então continuar a nossa caminhada de construção pessoal, percebermos que somos apenas um só, mas que não somos um sozinho e, por isso, podemos ser e fazer cada vez mais em comunidade.

2 comentários:

Rui Santiago cssr disse...

Já tinha lido antes, apesar de só hoje "comentar".
Coloco entre " " porque não tenho nada a comentar verdadeiramente!

Apenas te quero dizer um enormo OBRIGADO pela beleza do post.
Sim, experimento também no meu íntimo que é quando somos capazes de dizer essa palavrinha "NOSSA" que tudo muda.
Obrigado por me teres feito saborear isto novamente.

SHALOM

vou colocar hoje um link do meu blog para aqui.
Convenceste-me parceiro...

Anónimo disse...

bom comeco