quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Escavar fundo




Olha Abbá... apesar do cansaço que sentimos tantas vezes por trabalhar até tarde, por nos esgotar fisicamente e mentalmente (uma vez que o nosso esforço nem sempre é recompensado), hoje agradeço-te pela oração que em mim geraste.


Sim... eram três da manhã quando me decidi a dar uma última volta pela obra... na nova loja, lá estavam os três trabalhadores esgotados de tanto partir (estamos numa fase em que temos que abrir roços no pavimento para colocar uns tubos, que futuramente alimentarão, em termos de corrente eléctrica, as estantes).


Começo então a olhar para o roço efectuado e...


"COITADOS... duas noites de trabalho, tanto esforço e mesmo assim o roço está tão pouco produndo... isto ainda não é suficiente para colocar as infra-estruturas que nele temos que implantar!?"


Este pensamento levou-me à conversa com o colega de trabalho... estudar soluções, possíveis problemas que poderão surgir se nada for feito... e eis que surge o pensamento...


"Olha Pai... realmente é bastante importante escavar fundo."



Sabem... se nos limitamos pela superfície, esta pode ser muito bonita mas, mais dia menos dia, acaba por se desgastar, envelhecer e perde-se todo o encanto, toda a beleza.


Se escavarmos um pouco... a profundidade pode ser insuficiente, pois tudo aquilo que colocarmos por cima para proteger as ditas infra-estruturas... mais dia menos dia, com o uso, com o peso que o mundo que nos rodeia aplica nessa protecção... esta acaba por fissurar, por partir, por destruir todo o trabalho que, com tanto empenho, executámos. É como construir uma casa sobre a areia... esta é conhecida não é? : )



Olha Abbá... e fui-me apercebendo que, em Ti, é MUITO importante escavar fundo. Como somos pobres se nos limitarmos pela superfície das coisas, se nos limitarmos a uma simples apresentação e julgarmo-nos felizes por já Te "conhecer". Até as árvores caem à menor dificuldade quando não são capazes de lançar bem fundo as suas raízes (estou a excluir aquelas que, não o conseguindo, espalham-nas por uma grande área).





Mas depois continuei...


"Abbá... e se escavarmos fundo demais?"


Então rapidamente concluí... se formos muito fundo, corremos o risco de já não conseguirmos sair. Torna-se de tal maneira perigoso que podemos ficar soterrados.


Assim, procurei levar esta questão ainda mais a fundo... ena Abbá... mesmo conTigo, se não tivermos o cuidado que Tu nos ensinas, podemos correr o risco de ficar cegos, ver em Ti aquilo que Tu não és (infelizmente à muitos assim não há? Mas certamente porque escavaram pelo lado errado).


Olha Pai, tenho a certeza que por muito fundo que procure ir para te conhecer... NUNCA correrei perigo de não sair pelo meu próprio pé. Sim... as Tuas escavações são sempre feitas em segurança.


Bem... podia continuar a aprofundar mas... acho que já perceberam a ideia não já?

Bendito sejas Abbá... por, nas coisas simples, levares-nos a coisas tão bonitas... bem... sinto que a melhor forma de Te encontrarmos é no Caminho da simplicidade.

Ajuda-nos sempre a querer ir mais longe e mais fundo... a construirmo-nos pela medida certa... aquela que precisamos, aquela que nos deixa FELIZES.

Ajuda-nos a aprofundar a nossa VIDA, a acimentá-la em terreno firme de modo a que nada nem ninguém destrua ou arranque o que temos de melhor.



OBRIGADO por Ti, pela simplicidade com que me falas, com que me AMAS...
Olha... AMO-TE MUITO, sem Ti morreria facilmente.



Até ja...

1 comentário:

Anónimo disse...

Interessante ler isto aqui!
Ainda estes dias li um texto em que alguém perguntava a um peixe como é que era o mar.
O peixe foi humilde ao afirmar que o mar era muito maior do que aquilo que ele realmente conhecia. O que ele conhecia melhor era apenas aquela pequena parte superficial. Lá para baixo havia bem mais!

O peixe já experimentara descer lá ao fundo. O pouco que desceu, diz, foi muito bom. Não tinha conseguido descer muito mais porque o medo do desconhecido... roubou-lhe a coragem.
(Quantas vezes o nosso medo não nos abafa?)

Mas... convicto da Paz que encontraria deixou-se ir... até às profundezas do mar.

(Também eu quero seguir...)

Sónia