domingo, 17 de fevereiro de 2008

Profundamente MERGULHADO


Este fim de semana comprometi-me comigo mesmo em como iria actualizar o blog. Posso-vos dizer que apesar da desinspiração ser enorme e de ter passado todo o fim de semana sem saber o que iria partilhar, uma experiência pelo qual passei hoje à tarde foi mais que motivo para o fazer.


Assim sendo, como o Natal é quando um Homem quiser... o dia dos namorados já não é tanto assim, pois apesar de podermos e devermos namorar todos os dias, essa acção só é profundamente apaixonante se tivermos a nossa amada junto de nós - e foi isso que me levou a vir passar o fim de semana com ela.

Então posso dizer que este episódio passou-se no meu segundo dia dos namorados (o primeiro foi no sábado... lol ...).


Fui almoçar com ela, acompanhei-a ao trabalho, vi uma exposição de arquitectura que está no Palácio da Bolsa e, tendo em conta que não teria a companhia dela durante a tarde, decidi vir até casa.

Já tinha percorrido alguns metros ao longo da ribeira quando me apercebi que algo se passava no outro lado do rio junto à ponte D. Luís. No entanto, só me dei conta do grande aparato quando ouvi uma criança a dizer que um homem tinha caído à água. Então decidi observar melhor... um grupo de homens vestidos de cinzento encontravam-se na margem, ao que rapidamente me apercebi serem da polícia marítima pois havia nesse momento um barco a navegar na zona. Um carro dos bombeiros, duas ambulâncias do INEM, polícias a cercar aquele espaço, montes de pessoas a observar... Junto à água dava para perceber que alguém se encontrava a fazer reanimação.

Fui caminhando. Enquanto caminhava, decidi ajudar...


"Pai... Tu que és bom e fiel, ajuda este Homem que não está a passar por um bom bocado."

"Ruah... Tu que és o Senhor da vida... enche os pulmões deste Homem para que ele consiga voltar a respirar."


Pela forma como a polícia continuava a massajar o Homem e a tentar reanimá-lo, a situação não estava mesmo favorável. Então continuei...


"Pai... se a missão deste Homem ainda não terminou, então termina o seu sofrimento e de todos aqueles que ainda lutam por uma vida e fá-lo levantar-se. Mas se essa já está cumprida... então acolhe-o nos teus braços."

"Ruah... Tu que és fonte de Vida... infunde-lhe o Teu sopro para que se levante."


Continuei sempre a caminhar, a observar na esperança de ver o Homem levantar-se. Quando cheguei ao local onde estava tal aparato, perguntaram-me...


"Foi suicídio ou um acidente?" ao qual eu respondi... "Não sei!"


Foi quando os polícias pegaram no saco de plástico que baixei as minhas armas...


"Pronto... acabou!?"


Segui caminho. No local encontrava-se alguém com uma máquina fotográfica - presumi que fosse jornalista. Então só conseguia pensar...


"Homem morre afogado no Douro"... seria este o título da capa de um qualquer jornal de segunda-feira. Qual o motivo? Falta de motivos para viver... problemas de dinheiro, família, trabalho... sei lá.


E foi então este... "sei lá" que me fez meditar.



Supondo que o Homem decidiu atirar-se ao rio... era realmente porque estava muito desesperado, ou seja, para chegar àquele ponto, era preciso que o Homem estivesse muito mal... se calhar posso dizer mesmo, para tal acto, era preciso que o Homem já estivesse morto à muito - só faltava que o corpo morresse. E foi nesse instante que senti o Pai a falar-me ao ouvido...


"Tonito... serena, pois o irmão por quem intecedeste já se encontra junto de mim."


E foi nessa voz que senti um gosto agri-doce no meu coração.

Uma alegria enorme porque, mesmo antes de saber qual o resultado deste jogo, tinha plena consciência que o Homem sairia vencedor... ou com mais uma oportunidade neste mundo para se continuar a construir como PESSOA ou com uma VIDA plena junto do Pai, onde tudo aquilo que aquele Homem construiu com AMOR neste mundo, se tornaria, na ressurreição, divino. Podendo assim ser experimentado para toda a eternidade de uma forma plena.

No entanto, uma enorme tristeza por não poder ter ajudado realmente aquele Homem. Que mundo, que sofrimento, que vida levaria a tal acto?


E foi aí que percebi... nenhuma VIDA leva a tal acto... só o pratica quem já está realmente morto.


Então agradeci ao Pai...


"Obrigado Pai... porque me ouviste. Obrigado pela Vida que deste a este Homem."

"Obrigada Ruah... porque o Teu sopro voltou a encher de Vida este Homem. Uma vida plena, uma Vida Divinizada, uma Vida Eternizada..."


Foi então que saboreei novamente o quanto é bom deixarmo-nos mergulhar na totalidade, sem medos. Deixarmo-nos abraçar pelo sopro da Vida, deixarmo-nos moldar do seu jeito. Deixar que a Ruah actue em nós e que nossa vida seja apenas mais um motivo e instrumento para a Vida do Pai.


Olha Abba... obrigado por me convidares constantemente para o Teu banquete. Por me mostrares como é bom ser uma Vida Tua. Ajuda-me a amar-Te e a AMAR. Ajuda-me a viver-Te feliz e a VIVER FELIZ. Ajuda-me para que não haja motivos para que outros irmão meus se continuem a atirar ao rio sem saber nadar. Só com a Ruah não precisamos de ter medo de nos afogarmos, pois sempre que nos deixamos mergulhar por Ela, é repletos de Vida que saímos.


Obrigado por me sentir profundamente MERGULHADO em Ti... na Tua VIDA.